A psicologia tem se debruçado sobre a origem dos medos e fobias humanas, e dois casos clássicos — o de Hans, analisado por Freud, e o de Albert, estudado por Watson — são fundamentais para compreender os caminhos que levam uma pessoa a desenvolver reações fóbicas. Esses estudos ajudam a desvendar tanto aspectos simbólicos quanto mecanismos de aprendizagem envolvidos nas fobias.
O Caso Hans: Fobia como Representação Simbólica
Freud abordou o caso de Hans, um menino de 5 anos que desenvolveu uma intensa fobia de cavalos. Na época, cavalos eram um meio comum de transporte, o que tornava o medo bastante limitante para a criança. Freud, com base na psicanálise, concluiu que a fobia não se originava diretamente dos cavalos, mas do que eles representavam para Hans: a figura do pai.
O pai era uma figura autoritária e severa, gerando medo no menino. Freud propôs que Hans projetava esse medo inconsciente no cavalo, pois o animal simbolizava, para ele, o pai. Esse caso ilustra como traumas ou emoções mal elaboradas podem ser transferidas simbolicamente para outros objetos ou seres, criando uma fobia aparentemente desconectada da verdadeira origem emocional.
O Caso Albert: O Condicionamento do Medo
Anos depois, em 1920, John Watson e Rosalie Rayner realizaram um experimento comportamental com um bebê de 9 meses, conhecido como o “Pequeno Albert”. Inicialmente, Albert não demonstrava medo de animais, inclusive de um rato branco. Watson então começou a associar a presença do rato com sons altos e assustadores.
Com o tempo, Albert passou a reagir com medo apenas ao ver o rato, mesmo sem o som. Isso demonstrou o processo de condicionamento clássico: associar um estímulo neutro a um estímulo aversivo, levando à resposta de medo. Mais impressionante foi observar que esse medo se generalizou para outros objetos brancos, como barba de Papai Noel e ursos de pelúcia.
Comparação Entre os Casos
Os dois casos evidenciam perspectivas distintas:
- Freud via as fobias como expressões simbólicas de conflitos emocionais inconscientes.
- Watson mostrou que fobias podem ser aprendidas por meio de associação direta entre estímulo e resposta.
Ambas as abordagens contribuíram significativamente para o entendimento da mente humana e continuam influenciando o tratamento de transtornos fóbicos até hoje.
Aplicações Contemporâneas
Esses estudos ajudam psicólogos e terapeutas a compreender que medos aparentemente irracionais podem estar ancorados em experiências passadas — simbólicas ou condicionadas. Fobias de multidões, por exemplo, podem refletir traumas antigos de invasão de espaço ou exposição forçada.
O reconhecimento da origem dos medos é essencial para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes, como a dessensibilização sistemática, a terapia cognitivo-comportamental e a psicanálise.